Trechos do livro "O Jardim Amuralhado da Verdade", de Hakim Sanai , edições Dervish. O Caminho não consiste nem de palavras nem de atos; somente a desolação pode deles advir, nunca qualquer construção permanente. Suavidade e vida são as palavras do homem que trilha seu caminho em silêncio; quando ele fala não é por ignorância, e quando cala não é por preguiça. Se conheces teu próprio valor, por que necessitas te preocupar com a aceitação ou rejeição dos outros? Enquanto este mundo permanecer, o outro não pode ser; enquanto existires, Deus não pode te pertencer. Toda humanidade está adormecida, vivendo em um mundo desolado: o desejo de transcendê-lo é mero hábito e costume, não religião - apenas fúteis contos de fadas. Ele é teu pastor, e preferes o lobo; ele te convida a si, no entanto permaneces sem alimento; ele te dá a tua proteção, no entanto estás profundamente adormecido; Bem feito pra ti, tolo insensato e presunçoso! Quebraste tua pala
Desde que chegaste ao mundo do ser, uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses. Primeiro, foste mineral; depois, te tornaste planta, e mais tarde, animal. Como pode isto ser segredo para ti? Finalmente, foste feito homem, com conhecimento, razão e fé. Contempla teu corpo - um punhado de pó - vê quão perfeito se tornou! Quando tiveres cumprido tua jornada, decerto hás de regressar como anjo; depois disso, terás terminado de vez com a terra, e tua estação há de ser o céu. ---------------------------------------- Faltam-te pés para viajar? Viaja dentro de ti mesmo, e reflete, como a mina de rubis, os raios de sol para fora de ti. A viagem conduzirá a teu ser, transmutará teu pó em ouro puro.
Se as pego por trás não é porque me atraia a bunda. Sou um homem cansado de volumes. Quero-lhes a nuca. Ali reside seu equilíbrio. Entre corpo e mente, dúvida, longa de preferência, pois que maior a zona híbrida. Não me refiro a pescoço ou garganta. São coisas frontais e internas. De frente, por dentro, tudo se rearmoniza. Falo de nuca. Falo do que existe apenas no seu esquecimento, daquilo que elas não vêem, ainda que as ponha de pé. Vem dela o admirável orgulho das mulheres - tudo depositar numa parte do corpo que jamais verão. Aos espíritos lógicos, restaria explicar por que ponho de lado os homens. Homens são inteiriços. Inútil desejá-los. Aquelas que trazem os cabelos curtos, batidos, não se faz necessário sequer tocá-las. Basta aprender a requilibrá-las de longe. Só de olhar. Já às que os trazem longos e soltos, convém aplicar um pouco de violência. Até que aprendam corretamente o sentido da expressão "rabo-de cavalo". Rodrigo Naves, A coisa me escapa entre os dedos, R
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