trecho dos Upanixades


Aceitar o que é dado é transformar a coisa em uma janela da qual olhamos para a beleza da própria vida. A experiência da felicidade vem com a própria percepção. E, portanto, a ação que emana dessa percepção está enraizada na felicidade. 
Esse é o motivo pelo qual o verso de abertura do Upanixade Ishavasya diz: “Desfrute o que lhe é designado” – ele não diz – “Suporte o que lhe é dado”. Aceitar o que é dado é perceber a Qualidade de nosso próprio Ser. 
O processo de vir a ser que emerge dessa percepção é naturalmente livre dos elementos da tristeza e frustração. E, portanto, o segundo verso desse Upanixade diz: 
Trabalhando assim, um homem pode desejar uma vida de uma centena de anos. Dessa maneira, não de outra maneira, suas ações não o aprisionarão.
 Quando as ações vêm da fonte da felicidade, surgindo da percepção correta, o homem pode facilmente esperar viver até cem anos. A possibilidade de viver até cem anos indica a total ausência de preocupação e ansiedade. São as frustrações da mente que fazem o homem parecer mais velho do que é. É a preocupação que esgota suas energias, levando-o à morte prematura ou à velhice. 
Quando o homem aceita o que lhe é dado, percebendo nisso a qualidade de seu próprio Ser, então está livre de todos os fatores que causam frustrações. 
O verso acima do Upanixade diz que as ações jamais podem aprisionar um homem se elas surgirem do Terreno da Aceitação. Não é a Ação, mas a Reação que aprisiona o homem, pois as reações são fenômenos em cadeia. Elas se emaranham num processo associativo onde uma reação desencadeia outra em uma cadeia sem fim. 
As reações surgem da prática da cobiça, o desejo de ter o que o outro tem. Quando a visão do homem está confusa é que ele cobiça a riqueza do outro. Um homem que tenha descoberto a Qualidade de seu próprio Ser é um Aristocrata Espiritual, que age por conta própria, com graça e dignidade. Descobrir a Qualidade das coisas é aceitar o que nos é dado, pois a Qualidade reside em todas as partes, até mesmo no mais ínfimo e no mais inferior. Aquele que faz da aceitação a base da ação é livre de toda servidão aqui e agora. Tal homem pode viver tanto quanto quiser, pois adquiriu controle do movimento do próprio Tempo. Não é a Mente, mas o Espírito que se move nele. E o Espírito é verdadeiramente Atemporal, Eterno e Não Nascido.

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