Trechos do livro "O Jardim Amuralhado da Verdade", de Hakim Sanai , edições Dervish. O Caminho não consiste nem de palavras nem de atos; somente a desolação pode deles advir, nunca qualquer construção permanente. Suavidade e vida são as palavras do homem que trilha seu caminho em silêncio; quando ele fala não é por ignorância, e quando cala não é por preguiça. Se conheces teu próprio valor, por que necessitas te preocupar com a aceitação ou rejeição dos outros? Enquanto este mundo permanecer, o outro não pode ser; enquanto existires, Deus não pode te pertencer. Toda humanidade está adormecida, vivendo em um mundo desolado: o desejo de transcendê-lo é mero hábito e costume, não religião - apenas fúteis contos de fadas. Ele é teu pastor, e preferes o lobo; ele te convida a si, no entanto permaneces sem alimento; ele te dá a tua proteção, no entanto estás profundamente adormecido; Bem feito pra ti, tolo insensato e presunçoso! Quebraste tua pala
Se as pego por trás não é porque me atraia a bunda. Sou um homem cansado de volumes. Quero-lhes a nuca. Ali reside seu equilíbrio. Entre corpo e mente, dúvida, longa de preferência, pois que maior a zona híbrida. Não me refiro a pescoço ou garganta. São coisas frontais e internas. De frente, por dentro, tudo se rearmoniza. Falo de nuca. Falo do que existe apenas no seu esquecimento, daquilo que elas não vêem, ainda que as ponha de pé. Vem dela o admirável orgulho das mulheres - tudo depositar numa parte do corpo que jamais verão. Aos espíritos lógicos, restaria explicar por que ponho de lado os homens. Homens são inteiriços. Inútil desejá-los. Aquelas que trazem os cabelos curtos, batidos, não se faz necessário sequer tocá-las. Basta aprender a requilibrá-las de longe. Só de olhar. Já às que os trazem longos e soltos, convém aplicar um pouco de violência. Até que aprendam corretamente o sentido da expressão "rabo-de cavalo". Rodrigo Naves, A coisa me escapa entre os dedos, R
Certa vez, Moisés ouviu um pastor rezando assim: "Ó Deus, mostra-me onde estás, para que eu possa tornar-me Teu servo. Limparei Teus sapatos e pentearei Teus cabelos, coserei Tuas roupas e irei buscar leite para Ti". Ao ouvi-lo rezar dessa maneira insensata, Moisés repreendeu-o, dizendo: "Ó tolo!, embora teu pai fosse religioso, tu te tornaste um infiel. Deus é um Espírito, e não precisa desses cuidados grosseiros, como tu, em tua ignorância, supões". Envergonhado com essa censura o pastor rasgou suas vestes e fugiu para o deserto. Então ouviu-se uma voz do céu dizendo: "Ó Moisés, por que fizeste partir meu servo? Teu ofício é reconciliar meu povo comigo, e não afastá-lo de mim. Dei a cada raça diferentes costumes e formas de louvar-me e adorar-me. Não tenho necessidade de seus louvores, estando acima de toda necessidade. Não considero as palavras, mas um coração ardente. São várias as formas de mostrar-me devoção, mas se a devoção for sincera, elas são aceitas
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